E, em substância, a luta entre duas classes que se disputam o poder é, antes de tudo, uma luta entre duas “Hegemonias” No diagnóstico gramsciano, o “Senso Comum” é uma visão de mundo acrítica, difundida (pelas classes dominantes) no seio das classes subalternas (proletariado urbano e rural), constituindo-se, assim, num eficaz instrumento de dominação ideológico-cultural e, ipso fato, de afirmação da “Hegemonia” burquesa. Este entendimento harmoniza-se com um clássico conceito marxista, que sublinha: “as idéias dominantes, em todas as épocas, sempre foram idéias da classe dominante”. Há um texto de I. Simionatto (Ed.Cortez/95), bastante ilustrativo que complementa esta parte: ….“a “Hegemonia” cria a subalternidade (social) de outras classes, não apenas pela submissão à força, mas também pela submissão às idéias… A classe dominante repassa a sua ideologia (concepção de mundo) e realiza o controle do “Consenso” através de uma rede articulada de aparelhos culturais – que Gramsci chama de “Aparelhos Privados de Hegemonia” e o ilustre Professor Jorge Boaventura, da ESG, muito apropriadamente, denomina de “Centros de Prestígio e de Irradiação Cultural”. Estes aparelhos (que correspondem às “casamatas” e “fortificações” da “Sociedade Civil”) compreendem: Escolas, Universidades, Igrejas, Mídia (Rádio, TV, Jornais, Revistas, etc), Associações Intelectuais, Culturais, Corporativas, Sindicatos, Editorialismo, Literatura, Crítica, Cinema, Artes em geral, ONGs, etc. “Através desses aparelhos é que é imposta às classes subalternas a submissão passiva e feito o repasse ideológico (isto é, o próprio “Senso Comum”)”.