La chair est triste, hélas ! et j’ai lu tous les livres. Fuir ! là-bas fuir! Je sens que des oiseaux sont ivres D’être parmi l’écume inconnue et les cieux ! Rien, ni les vieux jardins reflétés par les yeux Ne retiendra ce coeur qui dans la mer se trempe Ô nuits ! ni la clarté déserte de ma lampe Sur le vide papier que la blancheur défend Et ni la jeune femme allaitant son enfant. Je partirai ! Steamer balançant ta mâture, Lève l’ancre pour une exotique nature !
Un Ennui, désolé par les cruels espoirs, Croit encore à l’adieu suprême des mouchoirs ! Et, peut-être, les mâts, invitant les orages, Sont-ils de ceux qu’un vent penche sur les naufrages Perdus, sans mâts, sans mâts, ni fertiles îlots … Mais, ô mon coeur, entends le chant des matelots !
Stéphane Mallarmé (1842-1898)
photo by L.E.Geara
Brisa marinha (Brise marine)
Triste carne, aí de mim! Já li os livros todos. Fugir! Longe fugir! As aves sinto a modos De ser ébrias de espuma entre o mistério e os céus! Nada, nem os jardins espelhados nos meus Olhos, o coração retém quase afogado, Ó noites! nem da lâmpada a ausente claridade No branco do papel que o vazio rejeita E nem a jovem mãe que ao peito o filho aleita. Hei-de partir! Veleiro a mastrear, tu, larga As amarras, demanda outra exótica plaga!
Um Tédio, desolado por esperanças cruéis, Crê ainda nos lenços molhados dos adeus! E talvez que esses mastros atraindo os presságios Sejam dos que o tufão verga sobre os naufrágios Perdidos, já sem mastros, em estéreis ilhéus … Mas os marujos cantam, ouve, coração meu!
Retinal art, as coined by Marcel Duchamp, emphasizes the visual experience, focusing on pleasing the eye without necessarily engaging the intellect or offering deeper meaning.
Conceptual art prioritizes the idea or concept behind the artwork, often de-emphasizing the physical object itself.
Antoine CoypelCharles Nègre – 1850François Boucher – 1740Leonardo Da Vinci – 1510
‘Leda and the Swan’ is a sonnet considered one of the most perfect poems of W.B. Yeats. This artistic perfection, as Ellman has pointed out, was achieved by the poet not spontaneously but through at least six stages of revision and modification. It now stands as the final fusion of history myth and vision, the force and richness of which arise from the fact that the poet has succeeded in enclosing vast immensities within a small compass. The poem in one sweep, before we realize what has taken place, sets in motion a train of events that resulted in the destruction of the Trojan War, and the various events narrated by Homer in his epic, Illiad and Odessey.
Emergido nas primeiras décadas do século XIX na América do Norte, o Transcendentalismo representa um movimento filosófico e literário cujos princípios fundamentais enfatizam a intuição, a conexão intrínseca com a natureza e a busca incansável pela verdade interior. Além das limitações da razão e da experiência empírica, os transcendentalistas almejavam alcançar conhecimento e sabedoria através de uma perspectiva mais profunda.
As raízes do transcendentalismo remontam ao movimento romântico europeu, que celebrava a emoção, a imaginação e a intuição. Filósofos, como Immanuel Kant e Johann Gottlieb Fichte, exerceram influência significativa no desenvolvimento desse movimento. Suas reflexões sobre a natureza da realidade e a capacidade da mente humana para compreendê-la contribuíram para moldar os princípios transcendentalistas. Além disso, o idealismo alemão e os escritos de Samuel Taylor Coleridge também desempenharam um papel crucial nesse contexto.
Intuição e Verdade Interior
Os transcendentalistas sustentavam que a verdade e o conhecimento não se limitavam à lógica e à experiência sensorial. A intuição, aliada à conexão com uma alma universal ou over-soul, representava a fonte suprema de sabedoria.
Natureza como Reflexo do Divino
A natureza era considerada sagrada e essencial para o desenvolvimento espiritual e intelectual. Aprofundar-se na contemplação da natureza permitia aos indivíduos acessar um conhecimento mais profundo e transcendente.
Individualidade e Autenticidade
O movimento enfatizava a singularidade de cada ser humano. Encorajava-se a confiança na intuição pessoal e a coragem de seguir um caminho próprio, mesmo que divergisse das normas sociais.
O transcendentalismo deixou marcas indeléveis na literatura americana. Escritores como Ralph Waldo Emerson, Henry David Thoreau e Walt Whitman incorporaram essas ideias em suas obras, enriquecendo o cânone literário. Além disso, muitos transcendentalistas eram ativistas fervorosos, engajados em causas sociais como a abolição da escravidão, os direitos das mulheres e a reforma educacional.
Apesar de sua influência duradoura, alguns consideravam o Transcendentalismo excessivamente idealista e desconectado da realidade prática. Argumentava-se que a ênfase na individualidade poderia levar ao egoísmo e à negligência das responsabilidades sociais.
A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. Não exatamente nas roupas que vestimos ou nas músicas que escutamos — a pessoa quer falar do mau gosto existencial. Do que há de cafona na vulgaridade das palavras, na deselegância pública, na ignorância por opção, na mentira como tática, no atraso das ideias.
O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo e esfrega sua tosquice na cara dos outros. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas.
O cafona manda cimentar o quintal e ladrilhar o jardim. Quer todo mundo igual, cantando o hino. Gosta de frases de efeito e piadas de bicha. Chuta o cachorro, chicoteia o cavalo e mata passarinho. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. É rude na língua e flatulento por todos os seus orifícios. Recorre à religião para ser hipócrita e à brutalidade para ser respeitado.
A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. Seguro de si, acha que a psicologia não tem necessidade e que desculpa não se pede. Fala o que pensa, principalmente quando não pensa. Fura filas, canta pneus e passa sermões. A cafonice não tem vergonha na cara.
O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer vencer, para ver o outro perder. Quer ser convidado, para cuspir no prato. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos.
Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.
Nosso amor é impuro como impura é a luz e a água e tudo quanto nasce e vive além do tempo.
Minhas pernas são água, as tuas são luz e dão a volta ao universo quando se enlaçam até se tornarem deserto e escuro. E eu sofro de te abraçar depois de te abraçar para não sofrer.
E toco-te para deixares de ter corpo e o meu corpo nasce quando se extingue no teu.
E respiro em ti para me sufocar e espreito em tua claridade para me cegar, meu Sol vertido em Lua, minha noite alvorecida.
Tu me bebes e eu me converto na tua sede. Meus lábios mordem, meus dentes beijam, minha pele te veste e ficas ainda mais despida.
Pudesse eu ser tu E em tua saudade ser a minha própria espera.
Mas eu deito-me em teu leito Quando apenas queria dormir em ti.
E sonho-te Quando ansiava ser um sonho teu.
E levito, voo de semente, para em mim mesmo te plantar menos que flor: simples perfume, lembrança de pétala sem chão onde tombar.
Teus olhos inundando os meus e a minha vida, já sem leito, vai galgando margens até tudo ser mar. Esse mar que só há depois do mar.
No livro “Idades cidades divindades”
Para Ti
Foi para ti que desfolhei a chuva para ti soltei o perfume da terra toquei no nada e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras e todas me faltaram no minuto em que talhei o sabor do sempre
Para ti dei voz às minhas mãos abri os gomos do tempo assaltei o mundo e pensei que tudo estava em nós nesse doce engano de tudo sermos donos sem nada termos simplesmente porque era de noite e não dormíamos eu descia em teu peito para me procurar e antes que a escuridão nos cingisse a cintura ficávamos nos olhos vivendo de um só amando de uma só vida
O agalma é o objeto que o sujeito supõe ser o que falta ao Outro, o que o torna desejável e admirável. O agalma é o que preenche a falta do Outro, mas também a revela. O agalma é o que faz o sujeito se identificar com o Outro, mas também o que o diferencia dele. O agalma é, portanto, um objeto paradoxal, que ao mesmo tempo oculta e manifesta a falta. É a “falta” no conceito de agalma, que estabelece o desejo do Outro e a fantasia do sujeito.
L.E.Geara
A falta no conceito de agalma pode ser entendida de duas formas: como significante da falta e como falta do significante. O significante da falta é aquele que representa a ausência de algo que se deseja, como por exemplo, o falo na castração. O significante da falta é um significante simbólico, que remete a uma cadeia de significantes. Já a falta do significante é aquela que indica a impossibilidade de representar algo que se apresenta como real, como por exemplo, o gozo na experiência analítica. A falta do significante é uma falta real, que escapa à simbolização.
Lacan introduz o conceito de agalma no Seminário 8, sobre a transferência, tendo como referência O Banquete de Platão. Nesse texto, Lacan analisa os discursos dos personagens sobre o amor e destaca o papel do agalma como objeto do desejo. O agalma é definido como “aquilo em virtude do qual se ama alguém” (LACAN, 1960-61/1992, p. 139). O agalma é aquilo que faz com que um sujeito se apaixone por outro, aquilo que ele vê nele como sendo sua essência, seu valor, seu brilho. O agalma é aquilo que sustenta a ilusão amorosa e a idealização do Outro.
No entanto, Lacan mostra que o agalma não é uma substância fixa e estável, mas sim um objeto variável e contingente. O agalma pode mudar de acordo com o contexto, com a época, com a cultura, com o discurso. O agalma pode ser uma qualidade física, intelectual, moral, artística ou qualquer outra coisa que o sujeito atribui ao Outro como sendo sua singularidade. O agalma pode ser também um objeto parcial, como o seio, a voz, o olhar ou o falo. O agalma pode ser ainda um objeto imaginário ou simbólico.
O importante é notar que o agalma não é algo que pertence ao Outro em si mesmo, mas sim algo que o sujeito projeta nele a partir de sua própria fantasia. O agalma é um objeto fantasmático, que encobre a falta do Outro e que serve de suporte para a identificação do sujeito. O agalma é um objeto que causa o desejo do Outro e que motiva o sujeito a se oferecer como dom ao Outro. O agalma é um objeto que coloca em jogo a dialética entre dar e receber, entre ter e ser.
O objeto a é também aquele que está na origem da divisão subjetiva e que marca a posição do sujeito no campo do Outro. O objeto a é aquele que faz com que o sujeito se interrogue sobre quem ele é para o Outro e sobre o que ele quer do Outro. O objeto a é aquele que coloca em questão a identidade e a alteridade do sujeito.
Conclui-se que o papel da falta no conceito de agalma é essencial para compreender a dinâmica do desejo e da transferência na psicanálise. A falta é o que impulsiona o sujeito a buscar o Outro, a se identificar com ele, a se oferecer a ele, a se separar dele. A falta é o que faz com que o sujeito se depare com o real do gozo e com o limite da linguagem. A falta é o que faz com que o sujeito se constitua como um ser desejante e como um ser falante.
Inicialmente, a noção de gozo, empregada por Lacan, também estava ligada ao prazer sexual e implicava a ideia de perversão.
À medida que avançou na teorização do real, Lacan diferenciou a noção de gozo da de prazer. O prazer é da ordem do gozo parcial, submetido ao simbólico.
Dynamic soaring involves extracting energy from differences in wind speed, but the process is more nuanced than simply moving between “lower” and “higher” wind speed zones. Instead, it relies on the wind shear—the change in wind speed and direction with altitude—and the bird’s ability to maneuver through these variations to gain energy.
Seabirds use a cyclical flight pattern to exploit wind shear. They begin by flying into the wind at a lower altitude, where the wind speed is relatively slower due to friction with the ocean surface. As they climb, they gain altitude and enter a region where the wind speed is faster. At this point, they turn downwind, using the increased wind speed at higher altitudes to accelerate. They then descend back into the slower wind zone near the surface, completing the cycle. By repeating this pattern, they continuously gain energy from the wind shear, allowing them to sustain flight without frequent flapping.
This process is not just about moving between two fixed zones of wind speed but rather about exchanging momentum between the air masses at different altitudes. The bird’s ability to skillfully navigate these transitions is key to dynamic soaring. This technique is particularly advantageous for seabirds in the Southern Ocean, where strong and consistent winds create ideal conditions for this energy-efficient flight strategy while foraging for food.
Wandering Albatross (Diomedea exulans), the iconic Antarctic seabird, is the most well-known dynamic soarer, these birds travel thousands of miles across the ocean with minimal flapping of their wings.
Albatross soaring over the Drake Passage – jan/2025
Costuma-se conceituar o quietismo como uma doutrina e atitude espiritual que põe a perfeição na passividade ou quietude da alma, na supressão do esforço humano, de forma que a ação da graça divina possa atuar totalmente. Assim, do ponto de vista religioso e cristão, o quietismo sempre enfatiza a contemplação, à qual se outorga superioridade, sobre todos os atos morais e religiosos, e ao qual lhe concede a única possibilidade de uma visão estática e direta do ser divino.
Quieto (do latim. quies, quietus, inativo, em repouso) no sentido mais amplo, é a doutrina que afirma que a mais alta perfeição do homem consiste em uma espécie de auto-aniquilação psíquica e a conseqüente absorção da alma na Essência Divina, mesmo durante a vida presente. No estado “quieto”, a mente fica completamente inativa; ela não pensa ou deseja mais por conta própria, mas permanece passiva enquanto Deus trabalha nela. O quietismo é então, em termos gerais, uma espécie de misticismo.( «Quietismo – Enciclopedia Católica». ec.aciprensa.com)
A identidade é uma narrativa ficcional criada para lidar com a falta e a fragmentação inerentes ao sujeito. No entanto, essa ficção não é uma mentira; ela é o meio pelo qual a verdade sobre nossos desejos e conflitos inconscientes pode se expressar. Para Žižek, reconhecer a natureza ficcional da identidade é essencial para entender como o sujeito se constitui na intersecção entre o psicológico, o simbólico e o real.
A identidade psicológica é construída a partir de experiências, memórias e desejos, mas, segundo Lacan, o sujeito nunca é plenamente consciente de si mesmo, pois parte de sua psique é governada pelo inconsciente.
Já a identidade simbólica refere-se à maneira como o sujeito é representado e inscrito na ordem simbólica, que inclui a linguagem, a cultura e as normas sociais. A identidade simbólica é construída a partir de significantes, como palavras, rótulos e papéis sociais, que são atribuídos pelos outros e pela sociedade. Por exemplo, ser chamado de “filho”, “professor” ou “cidadão” são posições simbólicas que nos dão um lugar no mundo.
A identidade psicológica é mediada pela identidade simbólica, a forma como somos vistos e nomeados pelos outros. No entanto, essa mediação não é perfeita: há sempre uma lacuna entre quem somos para nós mesmos e quem somos para os outros. Essa lacuna é onde a ficção entra. Para preencher essa falta e criar uma sensação de coerência, o sujeito constrói narrativas sobre si mesmo. Essas narrativas são ficções, mas são necessárias para que ele possa funcionar como sujeito.
A verdade sobre o sujeito não está “por trás” da ficção, como se fosse possível removê-la para revelar algo autêntico. Em vez disso, a verdade está na própria ficção, na maneira como ela revela as fissuras e os conflitos que se tentam esconder. Por exemplo, um sintoma psicanalítico, como uma fobia ou um ato falho, é uma ficção que o inconsciente cria para expressar uma verdade reprimida. Na identidade, isso significa que as histórias que contamos sobre nós mesmos, embora sejam ficções, contêm verdades sobre nossos desejos, medos e conflitos inconscientes. A verdade não está em negar a ficção, mas em reconhecer como ela estrutura nossa experiência.
Imagine alguém que se identifica como “um bom filho”. Essa identidade é uma ficção simbólica, construída a partir de expectativas sociais e familiares. No entanto, essa ficção pode esconder conflitos inconscientes, como ressentimentos ou desejos reprimidos em relação aos pais. A verdade sobre o sujeito não está em negar a identidade de “bom filho”, mas em explorar como essa ficção revela tensões e contradições internas.