Na época da criação dos primeiros deuses, Gaia, a Mãe-terra, e Ouranos, o Pai Celeste, haviam dado à luz muitos filhos divinos. Dentre os últimos a nascer estavam os Titãs, filhos monstruosos que odiavam o pai. De modo que Ouranos lançava-os de volta à pobre Gaia cada vez que um surgia.
Finalmente, um dos filhos mais jovens, Cronos, que também odiava o pai, voltou-se contra Ouranos e castrou-o com uma foice de pedra que Gaia fizeram especialmente para castigar seu cruel companheiro. Sem atinar, Cronos lançou então o membro decepado por sobre os ombros, e este caiu por terra. Das gotas ensangüentadas brotaram as Fúrias e os Gigantes, mas o membro genital caiu em tormentoso mar, onde foi carregado pelas ondas.
Da espuma que se formou em torno do pênis decepado foi crescendo uma menina. Ela foi primeiro levada pelo mar até Citera, e depois para Chipre, sempre envolta pelas ondas. Lá a linda deusa aportou com seus dois companheiros, Eros, cujo nome significa Amor, e Himeros, cujo nome significa Desejo. Quando tocou terra firme, a relva brotou debaixo de seus pés. Seu nome, para os mortais, era Afrodite, que significa “nascida da espuma”. (Hesíodo)
Afrodite, certamente, não foi grega desde o início. A maioria dos estudiosos hoje a consideram uma descendente da deusa sumeriana Ishtar (mais tarde Astarte, na Babilônia), que era ao mesmo tempo uma deusa do amor e a rainha suprema do céu. Em seu culto estava presente a idéia do poder unificador e gratificador de Eros, acorrentado e corroído numa civilização doente. A santificação do Eros e da procriação. Afrodite é o arquétipo da sexualidade e da sensualidade, do Eros livre. Não é virgem, pois valorizava as experiências emocionais e os relacionamentos, mas não como permanentes e duradouros. A eterna amante… Por se amar, tudo nela transpira amor.
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A Crucificação da Deusa – A anulação das convicções e dos valores femininos – é o maior dos nossos mais penosos dramas. Mas a crucificação é apenas um prelúdio da ressurreição da Deusa. (Marianne Williamson)