por Leo Meneghelli
As Leis da Gestalt já são conhecidas por todos os estudantes e profissionais de design. Para quem nunca ouviu falar, Gestalt (em alemão “forma” ou “figura”) é uma teoria da psicologia do início do sec. XX que estuda a percepção visual. Diz basicamente que nós não vemos partes isoladas, mas sim relações. Nosso cérebro tende a perceber os objetos como um todo antes de perceber suas partes individuais, sugerindo que o todo é maior que a soma de suas partes.
O design utiliza estas leis da Gestalt o tempo todo, muitas vezes até de forma inconsciente. Ele ajuda pessoas a assimilarem informações e a entenderem as mensagens que são passadas, sendo uma solução perspicaz e criativa para a criação de um símbolo visual (logo), por exemplo, tornando-o simples e memorável.
Abaixo eu selecionei alguns logos e as leis gestálticas aplicadas neles. Em alguns casos é bem difícil identificarmos apenas uma única lei, porém deixo explícito as mais evidentes para cada caso.
Teoria de Fechamento:
Obtém-se a sensação de fechamento visual da forma pela continuidade numa ordem estrutural definida, ou seja, por meio de agrupamento de elementos de maneira a constituir uma figura total mais fechada ou mais completa.
Talvez o exemplo mais conhecido por todos é o famoso logo do panda, da WWF e o cavalheiro caminhando, para a marca Johnnie Walker. Ambos utilizam essa teoria, pois nosso cérebro tende a completar essas imagens abstratas formando imagens das quais já conheciamos (um urso panda, uma pessoa).
WWF – Teoria de Fechamento
Johnnie Walker – Teoria de Fechamento
O logo da NBA também utiliza deste mesmo princípio:
NBA – Teoria de Fechamento
O logo da IBM, onde as listras horizontais sugerem velocidade e dinamismo:
IBM – Teoria de Fechamento
Quaker – Teoria de Fechamento
Neste logo da NBC, conseguem ver um pavão na imagem?
NBC – Teoria de Fechamento
Neste próximo há duas teorias presente: podemos notar que os elementos formam a silhueta de uma montanha, ela representa o Matterhorn, ponto mais alto da Suiça. Neste caso trata-se da teoria em questão.
Toblerone – Teoria de Fechamento / Figura-Fundo
Conseguem ver um urso no centro? É o símbolo da cidade de Berna, onde foi criado o chocolate, porém, a teoria que percebemos é a da “figura-fundo” (explicada mais adiante).
Toblerone – Teoria de Fechamento / Figura-Fundo
Outro bastante conhecido é o logo da Fórmula 1. Neste, há a junção do primeiro elemento, o F, com o segundo elemento em vermelho (uma imagem abstrata) e ambos, unidos, formam um terceiro elemento, que é o número 1.
Formula 1 – Teoria de Fechamento
Unificação por Proximidade / Semelhança
Essa teoria é claramente vista no logo da Unilever, pois nós não percebemos os 24 elementos separados, mas tendemos a agrupá-los pela forma que estão organizados e pela distância um dos outros, formando a letra “U”.
Unilever – Unificação por Proximidade
Neste podemos notar a Unificação por Semelhança pelos elementos possuirem o mesmo peso e cor. Mas também podemos notar blocos distintos destes elementos, graças a Teoria da Unificação por Proximidade.
Sinergy Equities – Unificação por Proximidade / Semelhança
Antiparticle – Unificação por Proximidade
Foodmobile – Unificação por Proximidade
Há duas teorias neste: a em questão, vista no corpo do guepardo composto por vários elementos próximos que formam a imagem, e a Teoria de Fechamento, para a cabeça.
Rubban Logistic Holding Company – Unificação por Proximidade / Teoria de Fechamento
Teoria da Segregação
Significa a capacidade perceptiva de separar, identificar, evidenciar ou destacar unidades formais em sua composição total ou em partes deste todo. No logo da Macintosh, nosso cérebro é capaz de separar as imagens, dividindo-a em 2: a primeira, um rosto visto de frente, e a outra, o perfil de um rosto.
Macintosh – Teoria da Segregação
Teoria da Pregnância
Nosso cérebro percebe a forma em seu estado mais simples possível. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada: desta forma, a parte mais facilmente compreendida em um desenho é a mais regular e simétrica, que requer menos simplificação.
O logo das Olimpíadas é o exemplo ideal para a Teoria da Pregnância.
Teoria da Figura/Fundo
O conceito básico dessa teoria é a ilusão de ótica. Tendemos a organizar as percepções no objeto observado (a figura) e no plano contra o qual ele se destaca (o fundo). A figura parece ser mais substancial e destaca-se do fundo.
No logo da rede Carrefour, onde a soma dos elementos abstratos nos ajuda a perceber a letra C, pode haver uma dupla interpretação, pois se analisarmos ambos os elementos unidos eles formam uma flor-de-lis, símbolo da aristocracia francesa. Podemos destacar os elementos azul e vermelho como figura, e o “C” como fundo.
Carrefour – Figura-Fundo
Algo semelhante acontece com o logo da Fedex, se percebermos, o “E” e o “X” formam uma seta, no caso as letras seriam a figura e a seta o fundo (espaço branco).
Fedex – Figura-Fundo
Food Writers – Figura-Fundo
EDs Eletronics – Figura-Fundo
Spartans Golf Club – Figura-Fundo
Hope For African Children Initiative – Figura-Fundo
Yoga Australia – Figura-Fundo
Teoria da Continuidade
A Lei da Continuidade defende que os pontos que estão conectados por linhas retas ou curvas são vistos de modo a parecerem que seguem uma determinada direção. Ou seja, ao invés de ver linhas e ângulos separados, as linhas são vistas como estando agrupadas juntas.
Neste exemplo podemos notar 2 teorias: a de fechamento, explicada anteriormente, e a de continuidade.
Eight – Teoria da Continuidade
Graças a essa capacidade que nossos cérebro tem de “continuar” a imagem, que percebemos a letra “E” e “I” formando o número 8.
Volto a lembrar que nenhum destes príncipios é único. Todos eles funcionam em conjunto afim de conseguir uma totalidade de função, elegância e apelo estético.
Alguns dos melhores designers do mundo não sabem nada sobre Gestalt. eles apenas as usam intuitivamente quando analisam determinado projeto e o acham coerente, criativo ou funcional, sem ao menos saber dessa terminologia, pois essas teorias não são construções artificiais, regras inventadas pelo homem, mas sim tentativas de perceber e verbalizar como os seres humanos naturalmente percebem as coisas.
Não importa se você usa essas teorias por instinto ou por deliberação, o que importa é como eles podem te ajudar a criar melhores projetos. ; )
via:
http://www.cleek.com.br/blog/design/logotipos-criativos-e-as-teorias-da-gestalt