Jung e o Divino Pai Eterno

Jung em sua obra Interpretação psicológica do dogma da trindade abordou justamente o mais sagrado dos símbolos cristãos, isto é, o dogma da Trindade, como objeto de investigação psicológica, por estar convencido do seu valor psicológico. Jung considera que se entendermos a Trindade como um processo em três etapas, este processo deveria prolongar-se até chegar à totalidade absoluta, isto é, no símbolo quaternário: “Por isso, os alquimistas representaram a unio mentallis (união mental) pelo Pai e pelo Filho e a união deles pela pomba (Espírito Santo) (aspiratio ou espiração comum ao Pai e ao Filho), mas o mundo corpóreo pelo feminino ou o ‘patiens’ (passivo), a saber, Maria. Assim prepararam eles, a seu modo, pelo espaço de mais de um milênio, o caminho para o dogma da Assumptio (Assunção). Entretanto a partir do dogma e de sua fundamentação, não é ainda evidente por si só a implicação amplíssima de um casamento do princípio paterno, com o que é ‘material’ , isto é, a corporeidade materna” (JUNG, 1990:219-220). 

Jung: Trinity versus Quaternity


Segundo Jung, depois de o magistério eclesiástico ter hesitado por longo tempo, e de já haver passado quase um século da declaração da Conceptio Immaculata como verdade revelada, “foi somente em 1950 que o papa achou ser oportuno declarar a Assumptio como verdade revelada, ao ver-se como que impelido por uma corrente popular que se tornava cada vez mais intensa. Tudo parece confirmar que essa declaração dogmática foi motivada principalmente por uma necessidade religiosa das massas cristãs. Por trás disso se encontra o numem arquetípico da divindade feminina, …” (1997:179-180)

Infelizmente Jung não chegou a ter conhecimento em vida da devoção ao Divino Pai eterno, mas certamente ela é uma prova desta necessidade religiosa das massas cristãs, como uma corrente popular que se tornava cada vez mais intensa, e que, curiosamente, ocorreu aqui, em solo brasileiro.

O Divino Pai Eterno, de acordo com a fé cristã Católica é uma concepção ao Deus Pai e sua devoção começou em 1840, quando o casal de lavradores Constantino Xavier Maria e Ana Rosa Xavier encontraram às margens do córrego do Barro Preto, (hoje Trindade, no estado de Goiás, Brasil), um medalhão religioso. Ao conferir, notaram ser um medalhão belíssimo de barro, com tamanho em torno de meio palmo de circunferência. Eles e seus familiares começaram a rezar diante do medalhão encontrado, e a notícia se espalhou e aos poucos outros moradores locais passaram a rezar junto ao medalhão.

Constantino encomendou ao artista plástico Veiga Valle, que morava na cidade de Pirenópolis – GO, que retocasse o medalhão, mas este fez uma réplica em madeira. O Ícone é uma reprodução da figura estampada no medalhão: a representação artística das três pessoas divinas se caracterizam pela imagem da 1º pessoa da Santíssima Trindade,o Pai, Deus Pai; seguido da 2º pessoa da Santíssima Trindade, o Filho, Jesus Cristo; seguido do Espírito Santo, em forma de pomba (como é narrado no evangelho), como 3º pessoa da Trindade, finalmente assim coroando uma quarta pessoa na imagem: Maria Santíssima, mãe de Jesus, que segundo a explicação no portal do site do Divino Pai Eterno: “É a humanidade presente junto ao mistério da Santíssima Trindade” (Site do Divino Pai Eterno:ícone – www.paieterno.com.br)

No Santuário Basílica, o belo medalhão encontra-se guardado, em local secreto. Já a imagem feita pelo famoso artista pode ser vista hoje onde é situado o Santuário Velho. É importante ressaltar que a confecção da imagem a partir do medalhão não alterou a fé dos devotos e nem diminuíram os milagres e graças por eles recebidas. Pelo contrário.

Em meados do século XIX, deu-se o inicio da construção do Santuário do Divino Pai Eterno, quando em 1848 foi construída, coberta de folhas de buriti, a primeira capela. Com o aumento dos fiéis foi necessário a construção de uma capela maior, que foi construída às margens do Córrego Barro Preto. Uma terceira capela foi erguida em 1876. Assim, o primeiro Santuário do Divino Pai Eterno foi inaugurado no ano de 1912, que passou a ser mais conhecido como Santuário Velho, e que atualmente é a Paróquia Matriz de Trindade.

A devoção ao Divino Pai Eterno foi crescendo e para marcar o centenário da Romaria de Trindade, em 1943, o então arcebispo D. Emanuel Gomes de Oliveira, na época arcebispo de Goiás, fez o lançamento da pedra fundamental do atual Santuário Novo. Em 1957 foi apresentado um projeto para a construção do dele. Em 1974 começou a realização da novena e festa do Divino Pai Eterno em torno do local. E somente em 1994, iniciou-se a fase final do prédio e, com ajuda dos romeiros e devotos, a obra foi totalmente concluída

Mas, devido ao aumento do número de fiéis, e pela importância da figura do Divino Pai Eterno na vida religiosa do estado de Goiás e do Brasil, a Arquidiocese de Goiânia enviou um pedido a Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos para que o, até então Santuário do Divino Pai Eterno, fosse elevado à categoria de Basílica Menor. Assim, em 4 de abril de 2006, o Papa Bento XVI concedeu este título ao Santuário e em 18 de novembro de 2006 deu-se a instalação da Sacrossanta Basílica, sendo a única Basílica no Mundo dedicada ao Divino Pai Eterno.

Logo abaixo, a imagem do Divino Pai Eterno e o medalhão de barro original encontrado às margens do córrego do Barro Preto. Nota-se que, apesar da imagem ser quaternária, a devoção é dada apenas ao Deus Pai, em outras palavras, ao Divino Pai Eterno, como símbolo da totalidade.

 

Via:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=652689301517094&id=290762547709773

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