Platão fundou uma escola no monte Academos. Esta escola se chamou Academia. A palavra “escola” vem de “scholé”. Os latinos traduziram essa palavra grega “Scholé” por “Otium”. A idéia de escola sugere que se trate de uma comunidade humana onde todos estejam engajados num modo de se empenhar denominado “ócio”.
Na sua compreensão arcaica, originária, “ócio” não designava “não fazer nada”, muito menos preguiça e indolência. “Ócio” designava uma forma de trabalho. Trata-se de um modo de ser e de agir, de uma modalidade de trabalho todo próprio, caracterizado como labor livre, gratuito, assumido cordialmente por causa dele mesmo, querido voluntariamente, como realização da vocação de uma pessoa. O contrário do “ócio” é o “negócio”, ou seja, o trabalho funcionalizado em vista de um resultado, que também é importante, mas que não é o mais nobre e elevado para o ser humano. No ócio, o que está em vista é o ser humano, seu crescimento e seu aperfeiçoamento como ser humano. No negócio, o que está em vista é uma coisa, um produto, um resultado. O ser humano é usado em favor do alcance desse objetivo.
A QUESTÃO DA JUSTIÇA EM PLATÃO – UCB