Adorno delimita claramente sua visão sobre o conceito e propaga em seus textos e reflexões, em suma, que arte e indústria cultural são coisas distintas na medida em que a primeira seria eliminada pela segunda. Segundo ele, a indústria cultural traz uma experiência de integração com o sistema capitalista. A técnica, portanto, exerceria um controle maior sobre a sociedade, estando as manifestações estéticas da indústria cultural a serviço da mercantilização da arte. Arte é mais um produto na prateleira. Dentro desta visão, o engajamento político do artista seria sempre insuficiente e estaria inevitavelmente fadado ao fracasso, já que a indústria cultural sim ou sim neutralizaria todas as formas de rebeldia e de elaborações que em qualquer medida, buscassem se colocar na contramão ideológica ou estética dessa indústria. Assim sendo, caberia à “verdadeira arte“ , “intocada“ pela indústria, contentar-se em ser uma espécie de “crítica negativa”. E pronto.
As reflexões e as práticas de Benjamin e Brecht são distintas da visão aristocrática e derrotista de Adorno.

Adorno
Se durante séculos a arte foi posta a serviço do ritual (mágico e religioso), que fundamentava-se em objetos únicos a serem cultuados, no mundo contemporâneo a arte liberta-se da sua função ritualística e portanto, do seu valor de culto, para se fundamentar numa nova práxis: a política. Não se pretende mais que a arte seja um privilégio, mas que seja vista com mais organicidade e como parte do processo histórico e cultural.
Sabemos que no decorrer de toda a história da humanidade as manifestações artísticas são reflexo e refluxo das lutas, avanços e processos históricos e sociais, e em diversos momentos, foram marco fundamental, sendo ponte entre o campo simbólico e subjetivo e a materialidade em si, traduzindo o pensamento e as sensações em suas mais diversas linguagens.
É evidente que para a arte revolucionária não poderia e não pode existir um programa estético fechado. E logicamente que o crescente controle do capital sobre a produção cultural é um fato inquestionável: transformar a arte em anestésico, em distração é mais um dos ataques do capitalismo e do imperialismo no sentido de fazer valer seus valores ideológicos. Contudo, esse mecanismo de eterna repetição, enlatando a arte e colocando-a na esteira da linha de produção da indústria cultural por mais que tente, não elimina a luta de classes: o movimento dialético permite a apropriação e a criação de meios de produção culturais independentes; e neste sentido o teatro de Brecht ainda é uma importante referência para que espaço cênico seja não mais espaço de magia e ritual e sim uma tribuna que traga a tona os novos meios de produção, e que ator e público, iguais, articulam-se da construção de uma reflexão sobre os fatos sociais; onde o estranhamento possibilita o despertar do pensamento crítico, em contraposição aos moldes dramáticos de elaboração e interpretação.

Leon Trotsky by Robert Capa – Copenhagen (1932)
Já disse Trotski sobre o que fará a nova arte: é hoje mais do que nunca, o impulso que nos levará a uma compreensão mais madura sobre os questionamentos que nos invadem diariamente sobre o que, porque e com quem queremos estabelecer diálogo. E mais: absorver profundamente que valer-se do materialismo histórico e dialético é mais que uma necessidade filosófica hoje. É armar-se de conteúdo diante do avanço das forças reacionárias. É compreender a importância da arte revolucionária neste combate simbólico mas ao mesmo tempo, compreender que a arte revolucionária não é um estilo, um clube, um capricho cultural, mas um projeto que responde às determinações da história, e que portanto (e obviamente) nada tem a ver com liberalismo. E retomar com esse espírito Breton e Trotski defendendo com unhas e dentes “TODA LICENÇA EM ARTE” no marco de compreender e extrapolar.
direito ao pão e à poesia!
via:
https://www.esquerdadiario.com.br/A-importancia-da-arte-revolucionaria-na-luta-de-classes