É a ênfase no elo, no espaço de significação imprevisível que emerge da vizinhança entre um texto e uma imagem, que explica o desconforto de Magritte em relação ao sentido tradicional da palavra ilustração e o consequente desejo de buscar um substituto mais adequado. “Evitemos pleonasmos pictóricos”, conclama o pintor num texto de 1963 (MAGRITTE, 2001: 582). Ele admitia no entanto o uso do termo ilustração quando empregado segundo uma única acepção específica, que ele explica no seguinte trecho de uma carta a Bosmans (19 de julho de 1961):
Ao invés da ideia de ilustração, me parece preferível aspirar a imagens que acompanhem um texto. Essas imagens não seriam “comandadas”, “inspiradas” pelo texto, mas podendo encontrá-lo felizmente. Um outro sentido de ilustração é aceitável quando significa “que torna ilustre” […]. (MAGRITTE, 1990: 180)
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